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O AMOR EM TRIBOS DE CAÇADORES-COLETORES

    CAP. 14 – PAIXÃO VOLÚVEL (Romance antigamente)

              Os antropólogos Marjorie Shostak e Thomas Gregor estudaram muito bem os !Kung, do sul da África, e os Mehinaku, da Amazônia, respectivamente.

    – Sexo no Kalahari

              Brincadeiras sobre relacionamento e levemente sexuais são comuns entre crianças do mundo inteiro, assim como entre os !Kung.

              Quando a garota menstrua, por volta dos 16 anos, é lhe arranjado um casamento. Geralmente com um homem bem mais velho – os homens precisam ter matado um grande animal antes de se tornarem elegíveis.

              A poliginia é permitida, mas os pais preferem um solteiro para a filha. AS mulheres também preferem. Até porque frequentemente os três dividem uma cama estreita. Assim, apenas 5% dos homens terão duas mulheres.

              A virgindade não é um requisito – aparentemente, nem há uma palavra para o conceito. Como são muito novas, nem sempre o casamento é “consumado” logo na primeira noite.

              Eles acreditam que se uma mulher transa com um amante enquanto grávida, ela perderá o filho.

              Muitas mulheres se casam mais de uma vez.

              Eles acreditam que o sangue menstrual se junta com o sêmen, para a concepção.

              Adoram sexo. “Sexo é comida”, dizem. Se uma mulher cresce sem gostar de sexo, sua mente não se desenvolve normalmente e acabará comendo grama.

              Elas não gostam de pênis muito grandes. E discutem entre si sobre os pênis de seus parceiros. Demandam por orgasmos.

              Quando os homens estão “fracos”, tomam remédios.

              Adoram beijar na boca. Mas não praticam cunilíngua. Masturbam-se ocasionalmente.

              Quando as mulheres se reúnem, falam longamente sobre seus amantes. Mas homens e mulheres tentam esconder seus casos de seus parceiros, pois isto leva a um “coração em chamas”.

              Quando a paixão de um casal acaba, eles se tornam bons amigos.

    – Amor na selva

              A “casa nos homens”, no meio da tribo, é interdita às mulheres. Se uma mulher vê as flautas sagradas, será levada para a floresta e estuprada por um homem. No local, afiam ferramentas e fazem brincadeiras.

              As mulheres passam o dia fazendo farinha de mandioca, lidando com algodão etc. O trabalho dos homens geralmente dura menos tempo – pescando, ajudando no jardim da família etc.

              “Sexo é o tempero que traz vida e entusiasmo.”

              Crianças fazem brincadeiras sexuais. A graça acaba aos 11 anos, quando um garoto entra num período de três anos de isolamento, indo morar nos fundos de sua casa. Precisa falar pouco, a dieta tem restrições, sexo é proibido.

              Após isto, ele se torna um home, podendo ir pescar sozinho etc. E ter uma mulher. Começam a namorar. O sexo acaba quando o homem goza.

              Quando um homem volta da pescaria, manda um mensageiro entregar o melhor peixe para sua namorada. Muitas vezes dá outro peixe quando vão se encontrar. Namorados regularmente trocam presentes.

              O período de isolamento da menina começa na menarca e dura um ano. Então ela se casa. O marido se muda para a casa dela.

              Acham que o amor excessivo é ruim; falar demais do amado atrai cobras etc.

              A mais promíscua da tribo tinha 14 amantes. Em média, cada homem tem quatro amantes.

              Os casos extramaritais promovem coesão social.

              Eles acreditam que o sêmen precisa ser acumulado para formar um bebê.    

              Mas as esposas têm ciúmes.

              Adultérios raramente são punidos. Embora nos seus mitos os traidores sejam desmembrados etc. Como os ciumentos são zombados, nenhum homem quer este papel.

              Mas as tensões sexuais comumente levam ao divórcio. Antes disto, dormem em esteiras cada vez mais distantes, geralmente.

              A maioria se casa novamente.

              Gostam muito de falar de sexo, fazer piadas. Mitos, músicas, tudo tem simbolismo sexual.

              As mulheres arrancam os pelos genitais e passam uma corda grossa sobre a vagina e bunda, para acentuar o formato.

    (Hoje eles usam roupas parte do tempo? Histórias da Tradição, uma viagem ao povo Mehinaku, Parque Indígena do Xingú, maio 2017. – YouTube)

    Cerca de 35% dos homens têm medo de ser castrados. Pensar em sexo demais pode enfraquecer um homem. A menstruação é perigosa. Todos, segundo o pesquisador, têm ansiedades sexausi.

    – Pegada da sexualidade humana

    Há cerca de 10 mil anos terminou a última era glacial.

    Viria a agricultura. E duas novas ideias: honrar o marido; até que a morte nos separe.