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DIFERENÇAS NA MENTE DE HOMENS E MULHERES

    CAP. 10 – HOMENS E MULHERES SÃO COMO OS DOIS PÉS: ELES NECESSITAM UM DO OUTRO PARA IR EM FRENTE (Diferenças de gênero na mente)

              Para Darwin, os homens eram ativos – e mais inteligentes. Não era o único a pensar isto na época, claro. E, afinal, para onde se olhasse quem realizava as coisas eram os homens.

              Após a 1ª Guerra Mundial a antropóloga Margaret Mead esteve entre as primeiras pessoas a defender a importância da criação frente a herança. Percebeu, assim, que os traços de personalidade atribuídos a homens e mulheres eram, “se não todos, a maioria”, impostos pela cultura.

              Entretanto hoje a ciência concorda que homens e mulheres têm sim algumas diferenças.

              *

              Por volta da 6ª semana da vida fetal, o gene SRY no cromossomo Y começa a direcionar os precursores das gônadas a se tornarem testículos. Estes testículos começam a produzir testosterona, por volta do 3º mês. Ele construirá o genital masculino – e o cérebro masculino.

              Se o bebê é para ser uma menina, provavelmente quem comanda o processo é o gene DAX-1 no cromossomo X.

    – O dom de tagarelar

              Em testes de habilidade verbal, garotas começam a falar antes e mais fluentemente. Aos 10 anos, elas ainda excedem os garotos. São melhores em línguas estrangeiras. Têm quatro vezes menos dislexia.

              O resultado foi replicado em vários países.

              Esta habilidade parece ligada ao estrogênio. No meio do ciclo, elas têm resultados ainda melhores.

              Mas a variação da habilidade é maior dentro dos gêneros do que entre os gêneros.

    – O gap matemático

              Os homens são melhores do que as mulheres em matemática avançada. E também em ler mapas e tarefas espaciais. A habilidade parece ligada à testosterona.

              Homens XYY vão ainda melhor; XXY, entretanto, vão pior.

              Explicações culturais foram tentadas – e têm seu valor, mas não equacionam tudo. E a explicação genética faz sentido biológico – homens caçavam, mulheres educavam crianças.

    – A intuição feminina

              Mulheres leem emoções melhores do que os homens. A “teoria da mente” é mais forte nelas.

              Mulheres têm mais fibras ligando os hemisférios cerebrais. O cérebro masculino tem mais conexões curtas entre regiões próximas.

              O cérebro delas, portanto, é mais holístico; o deles, mais compartimentalizado. (Mulheres se recuperam melhor de derrames.)

    – Pensamento em rede

              Mulheres têm um pensamento mais global sobre o assunto ao qual se dedicam. Os homens tendem a se focar no objetivo – um pensamento por degraus, linear.

              As mulheres têm melhor acuidade motora fina. Que melhora durante a ovulação. Homens são melhores em atividades motoras grosseiras.

    – Garotos serão garotos

              Em várias culturas observadas em um estudo, os homens são mais agressivos. Brincadeiras agressivas são coisas de garotos – e de jovens primatas.

              Boa parte dos homicidas têm alto nível de testosterona.

              Mulheres mostram, em todas as culturas, uma tendência a cuidar.

              Garotas nascidas com apenas um cromossomo X são “extremamente femininas”.

    – Mulheres são pró-sociais

              Mulheres sob estresse buscam suas redes de apoio; homens tendem a ficar agressivos. Novamente, o estrogênio parece ser a explicação – assim como a ocitocina.

              Nenhum dos sexos é mais inteligente, dado que a inteligência é múltipla.

              O antropologista William McGrew encontrou rudimentos destas diferenças de gênero entre os chimpanzés. Os machos caçam grandes animais; elas, térmitas. Elas interagem mais e “conversam” mais.

    – “O desfiladeiro”

              Fósseis de 2 milhões de anos sugerem que já havia uma divisão de papéis.

              No Desfiladeiro de Olduvai, Tanzânia, nos anos 1930, Mary e Louis Leakey começaram a procurar fósseis. Em 1959 encontrou um leito de um lago desaparecido que mostrou como era a vida entre 1,9 e 1,7 m. a. Encontrou nada menos do que 2500 ferramentas ou fragmentos. Muitas das pedras vinham de longe.

              Conhecidas como Ferramentas de Olduvai, não são as mais antigas – há 2,5 m. a., na Etiópia. Mas as olduvaienses são especiais. Perto delas, cerca de 60 mil fragmentos de ossos – de animais grandes como elefantes e búfalos, inclusive.

    – Quebra-cabeças de ossos

              O estudo destes ossos e das ferramentas mostrou que nossos ancestrais conseguiam matar animais e produzir carne suficiente para reproduzir com o grupo. A concentração em um só local sugere que este era como uma fábrica de armas e o açougue.

    – Mulher, a coletora – e provedora

              Até a década de 1980 os estudos concentravam-se no homem caçador, darwiniano. O revisionismo lembrou que as mulheres eram coletoras. Os dentes dos fósseis mostram que comíamos muitas frutas. O antropologista Richard Potts sugere que a carne era menos de 20% da dieta.

    – A natureza da intimidade

              As mulheres reclamam que os homens não dividem seus problemas. E elas derivam a intimidade da conversa. Já homens definem intimidade como “trabalhar lado a lado” – jogar ou assistir esportes, por exemplo (atividade que, por sinal, lembra a caça, a agressividade, os planos etc.).

              As mulheres querem mais proximidade; os homens, mais privacidade.

              O Homo habilis, que viveu há cerca de 2 m. a.,tinha crânio gracioso e dentes molares pequenos. Mas tinham cérebros de 600 a 700 cm3, bem maiores que os de Lucy e outros australopitecos, com 450 cm3. (E metade do nosso, ainda.)

              É provável que a linguagem tenha começado a surgir com eles.