Resumo do livro BECOMING THE NARCISSIST’S NIGHTMARE
Shahida Arabi
PREFÁCIO
O autor está convencido de que nossas forças – as quais os narcisistas tentam pintar como fraquezas – como a nossa empatia, a nossa resiliência – são as únicas coisas que podem nos salvar deles.
E que as técnicas narcisistas podem ser usadas contra eles.
Não se trata, contudo, de se tornar um deles.
Você um dia o idealizou. Agora precisa desvalorizar e descartar.
Desvalorizar significa retirar do pedestal e enxergar o que ele realmente é.
E, por outro lado, você terá de se re-idealizar e suprir-se.
A triangulação será feita com pessoas do bem, seu suporte nesta fase.
O gaslighting reversoserá feito toda vez que ele aparecer. Você dirá mentalmente: “Eu não acredito em você. Não foi isto o que aconteceu. Eu sei a minha verdade.”
O falso self será utilizado quando ele tenta apertar o botão de “reset”. Este falso self é autoprotetor, centrado e não reativo. Não fale nada sobre os seus sentimentos.
Use-o como um suprimento – podre. E descarte.
Os narcisistas subestimam a força de uma vítima quando a descartam. Mas quando não temos mais nada a perder, somos capazes de tudo.
Não se trata de jogar o jogo deles. Você não ganhará de quem não tem empatia.
INTRODUÇÃO
– A jornada do sobrevivente
O conhecimento é poderoso, mas sozinho não trará a cura.
A cura, por outro lado, pode nos levar a um local maior do que quando entramos naquele relacionamento.
“Dentro de você há algo infinitamente maior do que o que você está vivendo. Esta luz sempre estará com você.”
“Apesar do dano que os narcisistas tentam nos fazer, somos mais fortes do que eles – no coração, na mente, na alma.”
Quando eles tentam nos diminuir, na verdade estão nos elogiando, ao demonstrar sua inveja. Quando tentam nos isolar, é porque temos amigos. “Eu não quero que você perceba que existe alguém muito melhor para você.” “A sua voz é muito poderosa, por isto preciso silenciá-la.”
“A vida após um abuso narcisista é cheia de milagres – você precisa apenas estar preparado para deixá-los acontecer.”
CAP. 1 – RECONHECENDO O NARCISISTA
– Narcisismo e psicopatia
(Critérios diagnósticos do TPN)
Recentemente foi proposta a existência de dois subtipos de narcisismo, o grandioso e o vulnerável, e alguns acreditam que alguns podem possuir os dois tipos.
O grandioso sofre menos estresse social, pois é mais confiante. O vulnerável é mais sensível e medroso.
Uma meta-análise encontrou uma correlação entre os dois tipos – e também em narcisistas não patológicos – e agressividade, física ou psicológica.
A associação é maior com a violência “provocada”, mas também há com a não provocada.
Familiares etc. de narcisistas têm maior nível de depressão etc. do que os que convivem com outras doenças mentais.
Pacientes com TPN tem alterações volumétricas em áreas relacionadas à empatia, como a ínsula anterior, o córtex dorsolateral e o córtex pré-frontal medial.
Isto não significa que não possam controlar seu comportamento, já que ainda são capazes de empatia cognitiva.
O “narcisista maligno” é descrito como aquele com traços antissociais.
(Segue-se discussão sobre o TPAS.)
– Pesquisas sobre o narcisismo e táticas de manipulação
O modo como um narcisista age é mais complexo do que os critérios diagnósticos. Alguns comportamentos já foram associados ao narcisismo, em pesquisas.
* Gaslighting
Observado no convívio com psicopatas.
* Inveja maliciosa
Sabotam os planos e sonhos do parceiro.
* Indução de ciúmes (triangulação)
O grandioso faz isto por poder; o vulnerável, também para elevar sua autoestima ou por vingança.
* Love bombing, seguido por desvalorização súbita
LB: um estudo associou com baixa autoestima do narcisista.
LB + D: reforça o trauma e deixa a vítima mais presa ao narcisista.
* Stonewalling
Indivíduos com a Tríade Negra utilizam “os quatro cavaleiros do apocalipse”, preditores do fracasso de uma relação: desprezo, crítica, silêncio e defensividade.
A tática visa calar a vítima.
Ativa áreas do cérebro associadas à rejeição.
– Qual o impacto do abuso narcisista?
As vítimas se sentem desvalorizadas, ansiosas e até mesmo suicidas.
As cicatrizes podem durar a vida toda.
Os comportamentos comumente observados no relacionamento são:
* hipercriticismo
* chamar pelo nome
* insultos na forma de piadas
* comentários sobre a aparência, estilo de vida etc.
* abuso físico ou sexual; ameaças
* raiva com coisas mínimas, após criar armadilhas
* reforço intermitente: frieza à amorosidade à etc. A vítima passa a associar o amor com instabilidade e estresse.
* Stonewall e desaparecimento para criar insegurança, levando a vítima a aumentar os cuidados
* triangulação, incluindo ex-parceiros
* mentira patológica, casos e traições numerosos, em busca de satisfação do ego (também satisfeito com o ciúme do parceiro)
* sabotagem de amizades e familiares
* racionalização dos abusos, projeções. “Aqui, pegue a minha patologia. Eu não quero ela.”
* no fim, campanha de desmoralização e de vitimização
O narcisista planta na sua mente as sementes da sua destruição.
Não é necessário um diagnóstico de TPN. Se seu parceiro pratica os comportamentos acima, o seu parceiro é tóxico!
– O que causa o narcisismo?
Há várias teorias psicológicas.
Kernberg acreditava em negligência dos pais – causando uma “ferida narcísica”. Como mecanismo de defesa extremo, estas pessoas elas silenciam a empatia. Millon chamou o resultado de “narcisismo compensatório”.
Os resultados das pesquisas recentes são mistos, mas apontam para o contrário: uma supervalorização parental. Dois estudos mostraram isto e que a negligência não estava associada com o narcisismo.
Uma pesquisadora apontou que em algumas situações as crianças estão em maior risco: filhos de pais narcisistas, crianças adotadas e super cuidadas, filhos de pais talentosos que não tenham o mesmo talento etc.
Tratar a criança como um troféu, na verdade, pode ser uma forma de negligência por objetificação.
A influência genética foi demonstrada em estudos de gêmeos.
Pode haver até mesmo influências culturais difusas, que levam um país inteiro a ter mais ou menos narcisistas do que outro – ou, ao menos, que os sintomas se manifestem de forma diferente.
Eventos de vida, como bullying, abuso sexual etc. também podem servir como gatilho para alterações profundas na personalidade em formação.
Perder-se na busca do “por quê?” pode não ser bom para a vítima. O que importa é que a responsabilidade por seus atos – e por buscar a causa e tratamento – é do narcisista.
O que acontece, muitas vezes, é que um diagnóstico faz o narcisista continuar seus comportamentos, agora com uma justificativa.
– Quem é o narcisista?
Enquanto os psicopatas têm uma tendência para crimes reais, os narcisistas tendem para “crimes” emocionais.
Otto Fenichel chamou de “suprimento narcisista” o que eles buscam.
Em tese, ao menos, os narcisistas ainda são capazes de culpa e remorso. Comumente, entretanto, sentem é prazer ao ver o sofrimento do outro.
Enquanto o narcisista precisa de validação externa, o psicopata geralmente não.
O psicopata explora por ganhos mais objetivos; o narcisista, emocionais.
Novamente, saber “diagnosticar” com exatidão não importa tanto: ambos causam muitos danos é comum haver sintomas mistos.
“A primeira coisa que você precisa saber sobre o narcisista é que você nunca saberá verdadeiramente nada sobre o narcisista.” Porque você nunca verá seu verdadeiro self – no máximo, uma confusa mistura do verdadeiro com o falso.
Popularmente associamos o narcisismo a pessoas bem estabelecidas, mas muito deles são relativamente fracassados – em relação a seu potencial e ao que pensam sobre si mesmos. Estes tendem a ser do tipo vulnerável.
Podem ser encontrados em profissões de caridade ou de poder – até mesmo terapeutas!
Uma vítima pode ser retraumatizada por um terapeuta narcisista.
– O falso e o verdadeiro self do narcisista
O narcisista precisa de suprimento constante por admiração porque vive em um estado constante de tédio e vazio, pois é incapaz de se conectar de verdade com outras pessoas.
Ele é predisposto a ver você como uma extensão dele: um saco de suprimento, ao invés de um indivíduo complexo com necessidades e desejos.
Os normais querem se conectar verdadeiramente. Os narcisistas têm medo disto – pois isto pode expor seu verdadeiro eu.
Ao invés disto, falseiam emoções se adaptando ao que o outro necessita. Ou melhoro: para obter o do outro o que ele, narcisista, necessita: uma audiência, um harém.
Este falso self é uma colagem de vários personagens que aprenderam a executar no decorrer de suas vidas.
Uma pesquisa mostrou que narcisistas e psicopatas sentem emoções positivas quando veem rostos tristes.