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AS ARMAS DA SEDUÇÃO MASCULINAS E FEMININAS

    CAP. 9 – VESTIDA PARA IMPRESSIONAR (A atração da natureza pela sedução)

              Na natureza os animais tentam impressionar de diferentes maneiras seus parceiros em potencial.

              Nós humanos temos pênis, barbas, seios etc.

              Darwin ficava impressionado com o enorme gasto de energia feito pelos animais nestes investimentos acessórios. Pareciam minar sua teoria de que tudo na natureza tem um propósito. Em carta para o filho: “Sempre que olho para uma pena na cauda de um pavão, a visão me deixa doente.”

    – Seleção sexual

              Com o tempo, entretanto, Darwin teve um insight. Os acessórios tinham um propósito: a corte, a sedução.

              Em “A descendência do homem e seleção em relação ao sexo” ele veio com o conceito de “seleção sexual”.

              *

              Darwin estava plenamente consciente de que a seleção sexual não responde por todas as diferenças entre os sexos. Mas a luta pela reprodução é a única explicação para a evolução de alguns dos mais bizarros traços animais, incluindo o pênis humano.

              O homem tem o maior e mais grosso pênis entre os primatas próximos.

              Este pênis pode ter evoluído assim simplesmente porque Lucy gostava de pênis grandes. Quanto maior, mais prazer causava a ela. Com o orgasmo feminino, a cérvix pode sugar mais esperma.

              Darwin: “O poder de seduzir a fêmea foi algumas vezes mais importante que o poder de vencer outros machos em batalhas.”

    – Guerras de esperma

              Os gorilas têm pênis pequenos porque, aparentemente, eles não competem com seus genitais. Os machos criam haréns e têm o dobro do tamanho das fêmeas – as quais impressionam com seu tamanho.

              Já chimps solicitam uma fêmea abrindo suas próprias pernas, mostrando o pênis e ereto e o manipulando. Seu pênis não chega ao tamanho do humano, mas não é ridículo como o dos gorilas.

              O pênis humano pode ter evoluído por uma segunda razão: competição espermática (CE), uma forma de seleção sexual.

              A teoria da CE foi desenvolvida originalmente em relação a insetos. A maioria das fêmeas dos insetos é altamente promíscua. Elas copulam com vários machos e, após cada cópula, ou expelem o esperma ou o guardam por dias ou até anos. Os machos competem, portanto, dentro das fêmeas.

              O macho da libelinha (damselfly) usa seu pênis para retirar o esperma anterior. Alguns insetos inserem uma “cola” na vagina das fêmeas.

    Mas há os que guardam as fêmeas até que depositem seus ovos.

    O pênis grande humano pode ter surgido para levar o esperma o mais longe possível, na competição.

    Alex Dixson, comparando os pênis de primatas, notou que o tamanho relativo correlaciona-se com o estilo de vida de cada espécie. Onde vive-se em grupos grandes, os pênis são grandes; onde vive-se apenas um macho em cada canto, pênis pequenos.

    O pênis dos humanos, comparado aos primatas próximos, é grande, porém comparado com um grupo maior de primatas, indica que evoluímos em grupos de um macho apenas.

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              Uma outra sugestão da evolução precoce da ligação em pares é o fato de que temos testículos medianos.

              Chimpanzés têm testículos grandes e as fêmeas são promíscuas; gorilas têm testículos pequenos – competem pouco com outros machos e copulam pouco.

              O tamanho dos nossos pode refletir a estratégia sexual dual: monogamia social e adultério.

              Também produzimos menos esperma do que chimps – e de menor qualidade, com muitos espermatozoides anormais.

              Mas se formamos pares há tanto tempo, por que temos relativamente tanto esperma? Talvez porque as fêmeas gostassem de pênis e testículos grandes.

              *

              Machos fazem “investimento de cópula”, enquanto as fêmeas fazem “investimento parental”. Machos competem, fêmeas escolhem.

              Porém às vezes há uma inversão, na natureza. Mesmo mulheres podem competir por um homem.

    – Por que os seios grandes evoluíram?

              Nos anos 1960 o etologista Desmond Morris sugeriu que quando nos tornamos bípedes os ornamentos sexuais mudaram-se da “garupa” para o tórax e a cabeça. Os lábios tornaram-se rosados para imitar a vagina! Os seios quiseram se parecer com uma bunda.

              Há outras hipóteses. Os seios podem assinalar potencial ovulatório – crianças e pós-menopausa não têm seios vistosos. Ou talvez sejam apenas um depósito de gordura…

              Para a autora, evoluíram porque os machos os achavam mais atrativos.

              *

              Homens têm barba e voz grossa. Os dois traços dependem da testosterona. Para Darwin, a barba era um elemento de charme e sedução. Porém ela pode ter outros propósitos, como fazer o rosto parecer maior. Ela esconde emoções.

    O oposto, na mulher, atrai o homem. 

    *

    Somos macacos pelados. Na verdade, temos o mesmo número de folículos capilares, porém são pelos bem mais finos.

    Talvez para facilitar o controle da temperatura corporal, agora que precisávamos andar longas distâncias – o que também explica o desenvolvimento das glândulas sudoríparas.

    Mas também pode ter tornado nossos corpos mais visíveis e atrativos e sensíveis ao toque. Mulheres têm menos pelos em volta da boca e dos seios.

    Porém mantivemos os pelos nas axilas e genitais. Isto mantém os aromas excitantes.

    – A figura em ampulheta

              O psicólogo Devendra Singh mostrou vários esboços femininos a um grupo de homens. Encontrou que a forma preferida era quando a cintura era 70% dos quadris, nos Estados Unidos. Em outros locais do mundo a resposta variou, porém este foi o padrão preferido mais comum.

              Um estudo posterior feito por Singh, sobre 330 obras de arte datando de até 32 mil anos, a maioria das mulheres tinha esta proporção. As modelos da Playboy também.

              A proporção é genética, porém se observou que, durante a ovulação, o organismo faz o possível para se aproximar dos 70%.

              A proporção é dada por um certo equilíbrio entre estrogênio e testosterona. Mulheres fora da proporção têm mais dificuldade em engravidar e têm mais abortos.

              Mulheres com outros formatos também sofrem mais de outras doenças, como diabetes. E estão mais sujeitas a distúrbios de personalidade.

              Já as mulheres querem homens com formato de “fatia de pizza”: ombros largos, cinturas finas. Novamente, testosterona em ação. Homens assim têm filhos mais cedo e mais filhos.

    – Simetria

              Há 2500 anos Aristóteles já dizia que um dos pilares da beleza é a simetria.

              Vários animais já demonstraram preferir parceiros mais simétricos. Bebês de dois meses olham mais para rostos simétricos.

              Pessoas bem formadas mostram que sobreviveram a doenças.

              Homens vendo mulheres bonitas mostram resposta na área tegmentar ventral – a área do querer.

              Mulheres mais bonitas se casam com homens de mais status.

              Homens bonitos iniciam a vida sexual quatro anos antes. Tem mais parceiras – e mais casos. As mulheres têm mais orgasmos com eles.

              As mulheres, quando ovulando, preferem o cheiro de homens simétricos. Quando têm um orgasmo com eles, suas contrações puxam mais esperma. E estes homens tendem a ter esperma de melhor qualidade.

              As mulheres dominaram a arte da maquiagem para parecerem mais simétricas. Roupas e plástica cuidam do restante do corpo.

              Mãos e orelhas se tornam mais simétricas durante a ovulação, assim como seus seios.

              E quando somos mais jovens somos mais simétricos.

    – Os “efeitos especiais” do beijo

              Um estudo com 88 sociedades mostrou que em apenas 40% delas há o beijo, com troca de saliva. A maioria destas eram culturas industriais ou agrárias complexas. Os Tsonga da África e outros povos acham o beijo repugnante.

              O beijo, então, não é evolutivo, apenas cultural? Talvez não. Beijar um parceiro de longo prazo eleva a atividade de ocitocina. Também reduz o cortisol. Também aumenta a frequência cardíaca, aprofunda a respiração, dilata a pupila – aspectos da resposta sexual.

              O beijo também pode funcionar a curto prazo. A saliva contém testosterona. Homens preferem beijos aguados mais do que as mulheres – talvez eles queiram injetar testosterona nelas.

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              Beijar é perigoso, entretanto. Muita informação nossos sentidos recebem com apenas um beijo.

              Um estudo mostrou que 59% dos homens e 66% das mulheres desistiram de um caso após o primeiro beijo.

              Em culturas que não beijam, de outra forma eles lambem etc. a face do parceiro. Como outros animais.

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              Uma das mais intrigantes peculiaridades dos humanos é o sexo cara a cara. Talvez Lucy já fizesse isto.

              A vagina da mulher está mais para a frente do que para trás, comparada a outros primatas.

              No papai-e-mamãe, os ossos pélvicos do homem pressionam o clitóris.

              É a posição preferida na maioria das culturas.

    – Orgasmo feminino

              Outra peculiaridade da mulher é o orgasmo. Para muitos cientistas, ele não tem função reprodutiva. Mulheres que têm orgasmos regulares não parecem ter mais filhos do que as que nunca têm. Seria como os mamilos masculinos.

              Entretanto o clitóris é altamente sensitivo. E o orgasmo cria ligações sentimentais. Até para o homem importa: se a mulher goza com ele, ele crê que ela estará menos disposta a procurar outro parceiro.

              As mulheres atingem o orgasmo mais com parceiros de longo prazo do que com eventuais. Prostituas de rua gozam menos do que as caras.

              Além das contrações uterinas, após o orgasmo a mulher fica deitada.

              Talvez não tenham mais filhos, mas têm ligações de longo prazo melhores.

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              Todos os mamíferos superiores – incluindo todos os primatas – têm clitóris. O de uma chimp é maior do que o de uma mulher. Aparentemente, elas têm muitos orgasmos. Fêmeas de várias espécies vocalizam durante o sexo.

    – Ela irá ou não?

              Se uma mulher quer, ela pode copular. É mais um dos mistérios femininos. Há muitas teorias a explicar isto.

              Para cimentar a ligação de longo prazo? Mas pássaros monógamos não apresentam a disposição contínua.

              O adultério? Talvez. Atende ao duplo padrão.

    – Ovulação silenciosa

              A mulher adquiriu um estro contínuo ou perdeu o estro? Perdeu. Durante a ovulação, ainda há alguns poucos sinais, discretos. Embora fiquem um pouco mais predispostas ao sexo, não ficam loucas como outras fêmeas animais.

              É boa para o macho – sexo sempre. E para a fêmea – companheiro (e sexo) contínuo.

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              Livres do drive do estro, as fêmeas ganharam mais controle cortical sobre suas escolhas.

    – A mente acasaladora

              O psicólogo Geoffrey Miller propôs, em “The mating mind”, que além dos traços óbvios apontados pela seleção sexual, que evoluímos também uma mente copulatória.

              Da nossa capacidade criar prédios a obras de arte, estamos também em busca de sexo, com isto. Somos “máquinas de seduzir”.

              Em suas formas mais primitivas, estas habilidades, como as esportivas, nos ajudaram a sobreviver. “A mente evoluiu sob a luz da lua.”

              Em estudo, a autora encontrou que pessoas vendo pessoas de boa aparência, há ação na área tegmentar ventral esquerda (a direita é associada com o amor romântico). Talvez a área tenha uma função em toda fruição estética.

    – Fraude na sedução

              Em sites de namoro os homens mentem sobre sua altura. As mulheres, sobre o peso. A esperança é que, pessoalmente, passado o primeiro filtro, outras qualidades seduzam.